27 de agosto de 2013

ÓBVIOS ÓVINIS

Sonhou com discos voadores, seres de outros planetas, viagens em outras dimensões. Acordou sobressaltado pela madrugada, tão nítidas as imagens. Foi à cozinha, tomou um copo d’água, voltou a deitar-se. Sonhou novamente com o mesmo assunto. Agora em outras peripécias. Entendia as mais estranhas formas de comunicação, relacionava-se com os seres mais inusitados. Acordou exausto pela manhã. Contou tudo à mulher, que lhe disse quem mandou você comer feijoada no jantar? É nisso que dá! Não fora a feijoada, ele sabia. Contou para os colegas de trabalho. Foi o filme da tevê, afirmaram. Ele sabia que não era nada disso. O sonho muito nítido, muito detalhado, muito cheio de significados.

Na noite seguinte, tornou a sonhar com os tais seres e máquinas. E assim sucessivamente, durante quase um mês, quando então resolveu procurar uma analista, um ufólogo, um parapsicólogo, um pai de santo, um sensitivo. Cada um deu uma explicação. Nenhuma delas convincente.

Ao cabo de dois meses, sem mais suportar tais sonhos, deu de tomar bolinha para não dormir. As noites em claro começaram, então, a revelar-lhe espectros, sugestões sonoras desconhecidas, sensibilidades imprevistas. Decidiu juntar-se às tribos da noite em boates, cabarés, inferninhos, casas de massagem. Mais e mais captava estímulos especiais. Tinha-se convertido em para-raios humano de todos os medos do desconhecido, de todo o inexplicável.

Em menos de seis meses, seu corpo já emitia uma luminescência fosforescente e todos os objetos vibravam à sua aproximação. Inesperadamente ou não, começou a flutuar e a atravessar paredes e muros, até desfazer-se no ar num facho de luz brilhante que, tal um cometa, sumiu por entre as trevas da noite.

Imagem em seuhistory.com.


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