Sabe-se lá
por que cargas d’água seu Nonato resolvera despachar certo cidadão para o outro
mundo. Para tanto, preparou a garrucha cano duplo com carga reforçada pela
boca, com direito a chumbinho, chumbão e perdigoto dos grandes. Atochou aquilo
tudo com força, cobriu com uma camada de cera de abelha e deixou-a guardada,
esperando que o desafeto lhe cruzasse o caminho.
Também não
se sabe lá por que outras cargas d'água seu Nonato não desfechou os dois
tirambaços em cima do sujeito. Coisas talvez que o tempo se incumba de explicar
ou aplacar.
Passado um
tempo, necessitando de apurar um dinheirinho, seu Nonato procurou o Argemiro
para vender a garrucha. Negócio fechado, garrucha com outro dono, Argemiro foi
tentar desmontar as cargas dos canos, no que foi aconselhado pelo amigo
Jeremias, ferreiro de muitas artes, a não fazer tal coisa sem ciência e
conhecimento, que podia dar revertério e a carga explodir em sua mão. Aceito o
conselho, Jeremias se prontificou a detonar os dois petardos na touceira de
bambu, nos fundos do seu quintal, perto do valão Liberdade.
Pra lá foi.
O estrondo que ecoou pela pequena vila pôde ser ouvido à distância de quase
meia légua. E foi só o primeiro. Não saindo o segundo, Argemiro foi correndo à
casa do amigo para saber o acontecido. Lá estava Jeremias com a mão
ensanguentada de um corte que o cabo de madeira lhe fizera, por se ter partido
com o tiro. É grave? Não foi nada, só um cortezinho! Então por que não deu logo
o segundo tiro, se não foi nada, Jeremias? É que eu fiquei com medo de que a
cavalaria americana baixasse aqui para apurar o fato.
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