21 de agosto de 2013

DESCARRREGANDO A GARRUCHA

Sabe-se lá por que cargas d’água seu Nonato resolvera despachar certo cidadão para o outro mundo. Para tanto, preparou a garrucha cano duplo com carga reforçada pela boca, com direito a chumbinho, chumbão e perdigoto dos grandes. Atochou aquilo tudo com força, cobriu com uma camada de cera de abelha e deixou-a guardada, esperando que o desafeto lhe cruzasse o caminho.

Também não se sabe lá por que outras cargas d'água seu Nonato não desfechou os dois tirambaços em cima do sujeito. Coisas talvez que o tempo se incumba de explicar ou aplacar.

Passado um tempo, necessitando de apurar um dinheirinho, seu Nonato procurou o Argemiro para vender a garrucha. Negócio fechado, garrucha com outro dono, Argemiro foi tentar desmontar as cargas dos canos, no que foi aconselhado pelo amigo Jeremias, ferreiro de muitas artes, a não fazer tal coisa sem ciência e conhecimento, que podia dar revertério e a carga explodir em sua mão. Aceito o conselho, Jeremias se prontificou a detonar os dois petardos na touceira de bambu, nos fundos do seu quintal, perto do valão Liberdade.

Pra lá foi. O estrondo que ecoou pela pequena vila pôde ser ouvido à distância de quase meia légua. E foi só o primeiro. Não saindo o segundo, Argemiro foi correndo à casa do amigo para saber o acontecido. Lá estava Jeremias com a mão ensanguentada de um corte que o cabo de madeira lhe fizera, por se ter partido com o tiro. É grave? Não foi nada, só um cortezinho! Então por que não deu logo o segundo tiro, se não foi nada, Jeremias? É que eu fiquei com medo de que a cavalaria americana baixasse aqui para apurar o fato.


IOmagem em saudadesertaneja.blogspot.com

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