17 de agosto de 2013

INUMERÁVEL CIDADE (Crônica de Paris IV)


(Para Jane.)


Estou aqui, sentado em minha poltrona, lamentando o que não vi/fiz em Paris, nesta última visita.

Paris é dessas cidades que, tão logo a deixamos, infunde na gente o sentimento da falta, do não feito, do não curtido, daquilo que não se usufruiu. Apesar de você fazer o mais, daí a pouco lhe bate a sensação de que foi o menos. Que faltaram várias coisas. É só começar a rever as fotos, a percorrer com o dedo o mapa da cidade que trouxe da viagem.

Tenho a impressão de que será sempre assim, por mais que a visitemos.

De uma feita, fiquei durante vinte e três dias com meu filho Pedro. Além dos jogos da Copa do Mundo, motivo central da viagem, andamos por vários cantos da cidade, caminhamos longamente por muitas ruas, avenidas e bulevares. Visitamos vários museus. Sentamo-nos para tomar chope e cerveja, a bebida preferida dele, em diversos bares. Também bebemos vinho em alguns outros. Percorremos diversas lojas de cds – música é uma das nossas maiores paixões. E, mesmo assim, não vimos quase nada. É que Paris é uma cidade inumerável, incontável, praticamente infinita de possibilidades.

Há pouco, você, leitor, sabe, Jane e eu voltamos de lá, aonde fomos levar nossa netinha Gabriela, filha do Pedro, para um passeio infantil. A estada só não foi perfeita, porque sobraram intenções. Não conseguimos fazer tudo o que pretendíamos em dez dias. E tudo o que pretendíamos era uma parte pequena do que a cidade oferece, até mesmo para crianças. E Paris tem tão pouca fama de cidade para miúdos. Como disse certa vez Jaguar, no Pasquim: ledo engano ivo!

Paris é cheia de atrações para todas as idades, para todos os gostos. Evidentemente desde que o viajante tenha gostos. E não se limite a um só, como aquele nosso companheiro de pacote da Copa do Mundo ligando do orelhão do hotel em que estávamos. Aos berros, dizia para a mulher: “A cidade é uma merda! Não tem nada para a gente fazer!”. Talvez ele estivesse fazendo coisas inconfessas e quis iludir a esposa a milhares de quilômetros. Ou, na verdade, era uma besta quadrada mesmo, que só enxergava a bola rolando como o fim último da existência.

Por isso é que, agora, estou aqui, sentado em minha poltrona, a refletir sobre tudo o que não fizemos lá desta vez. E já sentindo uma comichão para uma nova viagem, a fim de experimentar várias outras coisas que não fizemos. E, depois, quando voltar, começar a sentir tudo de novo.

Porque Paris é inumerável, incontável, praticamente infinita em possibilidades.
Pont Neuf à noite, Paris (foto do autor)

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