22 de fevereiro de 2013

DEIXAR PARA DEPOIS


não me imponham ideias soluções
deixem-me errar sozinho                                                                     
quebrar a cara com as coisas mais simples
é nisso que consiste esta minha vida
tão cheia de senões.
não gosto que me deem conselhos
nem que me guiem
ou que me segurem pelo braço
não é, pessoa?
deixem-me andar a esmo perdido
sem destino
ninguém sabe se esse atalho vai dar
em algum lugar alguma ilha deserta
ou nada.
não acendam as luzes do fim do túnel
nem balizem os caminhos
de nada adianta.
eu sou assim mesmo
prefiro esta incerteza do agora
ao nada consta do vir a ser
do sabe-se lá o que será o futuro
o inferno e o paraíso.
só preciso é de um pouco de ar
alimento água
algum dinheiro que me sustente
e a vergonha na cara de todos os meus semelhantes.
o resto?!
ah! o resto podemos deixar para depois.

Henry Ossawa Tanner, La leçon de banjo, 1888 (em eurocles.com/arpoma)

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