16 de fevereiro de 2013

AS PEQUENAS COISAS DO MEU GRANDE VELHO

Anteontem fez um mês que meu querido pai, Argemiro, nos deixou.

Hoje minha sobrinha Shana postou no Facebook a emocionada crônica que tanscrevo aqui, para que meus leitores dividam conosco um pouco do que foi a figura deste seu avohai.

 
oxoxoxoxoxoxo


AS PEQUENAS COISAS DO MEU GRANDE VELHO

(Shana Assis)

Cada vez que olho pra essa foto de capa do meu facebook, me dá uma mistura de sentimentos... eu fico rindo sozinha, lembrando dele se fazendo de durão, com essa cara de sonso, limpando os beijos que eu dava na testa dele, assim que eu acordava! Mas, se ele ouvisse a minha voz e eu não fosse lá dar o beijo, ele perguntava de lá da cadeira de balanço: "Uhm... foi a Shana que acordou?" - Só para eu ir lá dar o beijo dele! E depois soltava uma risada!

Desculpem-me os modos, mas só tem uma frase que define o que eu tenho sentido: Ô SAUDADE DO CARALHO, DESSE VELHO!!!!!!!!!!!!!! Daquele cheiro de sabonete, que ele exalava, após as 17h, quando ia carregando, sozinho, a cadeira de balanço até o quintal, para tomar uma fresca! Quantas vezes e quantas vezes, fiquei ali do lado, só para sentir o cheiro do sabonete Lux, que vinha com o vento!

Saudade desse velho antenado, que sempre opinava: "Essa roupa tá bonita"!; "Minha filha, você está gordinha, hem?"

Saudade daquele Natal, quando eu tinha 9 anos e ele me tirou no amigo oculto! Nunca vou me esquecer do orgulho que eu senti em ter sido "tirada" por ele! Saudade de vê-lo fazendo a contabilidade de sua pequena aposentadoria, naquele caderno de capa dura preta!

Mas, depois do cheiro de sabonete, a maior saudade que tenho dele é de acordar de manhã e ouvir, de lá de casa, aquelas fitas de músicas caipiras antigas, num volume tão alto, que era impossível conversar na cozinha da vó! Mas, essa, eu vou poder amenizar um pouco sempre que eu quiser, pois herdei a caixinha de fitas!

Saudade de esperá-lo vir do trabalho, para almoçar antes de ir pra escola! Saudade de ter que parar o pique porque ele estava chegando depois de um dia inteiro de labuta na CAVIL! Saudade de conversar com ele e escutar suas histórias... contava poucas, mas sempre tinha uma travessura no meio!

Saudade de ligar no dia do aniversário dele, o único que ele falava no telefone, e perguntar: "Oi, vô! Tudo bem?" - Já rindo, esperando a resposta de sempre: "Ah, minha filha, num tá bom, não! Minha língua tá queimando, minha coluna tá ruim, meu estômago tá doendo..." e por aí as partes todas iam tendo um problema! Então, quando ele terminava de reclamar, eu dizia: "Mas, tá bom, vô! Pelo menos, o senhor tá aqui com a gente"!

Agora, não posso mais dizer isso! Pelo menos, não fisicamente!

No dia em que voltei de casa, com aquela caixinha de fitas na mala e muita tristeza no coração, comprei umas cervejas e fui ouvir minha herança... a primeira música era Majestade Sabiá! Naquele momento, eu tive certeza de que o meu velho avô estava em paz.

Ela dizia:

"Meus pensamentos tomam forma e eu viajo
Eu vou pra onde Deus quiser
Um video-tape que dentro de mim
Retrata todo meu inconsciente
De maneira natural
Ah! tô indo agora pra um lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A majestade, o sabiá."

Descanse em paz, minha Majestade Sabiá!

Com todo amor do mundo e uma saudade sufocante, sua neta!
 
Rio Itabapoana ao crepúsculo, no dia 14/2/2013 (foto Saint-Clair Mello).
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário