9 de setembro de 2015

UM CONHAQUE AMARGO NO CHALÉ


Por um descuido, fui tomar conhaque no Botequim Chalé, localizado de frente para a Praia de Icaraí, na noite de ontem, quarta-feira.

Como estivesse sozinho, aos poucos fui-me insinuando na conversa de dois fregueses, aparentemente da minha faixa etária, que tratavam de um assunto interessante.

Botequim tem esta característica altamente simpática e democrática: é possível, com tato, se meter em todas as rodas de conversa.

Rapidamente soube que meus dois interlocutores eram engenheiros. Um deles, inclusive, o mais loquaz, falava das usinas hidrelétricas que tinha projetado pelo país afora, as duas últimas em construção no Rio Paraíba do Sul, na altura de Queluz/SP, já próximas à fronteira com o Estado do Rio.

Dizia de seu trabalho, de suas responsabilidades, de suas competências e experiências, e não deixou de tecer críticas a outros profissionais, como os arquitetos. Como se estes fossem artistas sonhadores, sem os conhecimentos teóricos e práticos de cálculos que os possibilitem aos voos de seus projetos.

Isto me fez refletir sobre a pequenez da alma humana: não basta ao homem vangloriar-se do que faz; é preciso desmerecer o outro.

Que merda de gente somos nós! Quão ridículos em nossas presunções!

A minha magnificência só se completa diante da incompetência alheia. É isto?

Eu sou sempre o fodão, aquele que sabe, que conhece, que resolve. E todos os outros são um bando de incapazes, de incompetentes, que não se criariam senão através de nossa capacidade desmesurada.

Sorvi logo o último gole do conhaque, despedi-me e fui embora para casa.

Tenho mais o que não fazer, do que ficar ouvindo presunções soporíferas de quem sabe fazer hidrelétricas!

Como sempre arremata seus comentários semelhantes o meu amigo blogueiro Zatonio Lahud: Saco!

Imagem em konsulfree.com.br.

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Publicado originalmente em Gritos&Bochichos.

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