Por
um descuido, fui tomar conhaque no Botequim Chalé, localizado de frente para a
Praia de Icaraí, na noite de ontem, quarta-feira.
Como
estivesse sozinho, aos poucos fui-me insinuando na conversa de dois fregueses,
aparentemente da minha faixa etária, que tratavam de um assunto interessante.
Botequim
tem esta característica altamente simpática e democrática: é possível, com
tato, se meter em todas as rodas de conversa.
Rapidamente
soube que meus dois interlocutores eram engenheiros. Um deles, inclusive, o
mais loquaz, falava das usinas hidrelétricas que tinha projetado pelo país
afora, as duas últimas em construção no Rio Paraíba do Sul, na altura de
Queluz/SP, já próximas à fronteira com o Estado do Rio.
Dizia
de seu trabalho, de suas responsabilidades, de suas competências e
experiências, e não deixou de tecer críticas a outros profissionais, como os
arquitetos. Como se estes fossem artistas sonhadores, sem os conhecimentos
teóricos e práticos de cálculos que os possibilitem aos voos de seus projetos.
Isto
me fez refletir sobre a pequenez da alma humana: não basta ao homem
vangloriar-se do que faz; é preciso desmerecer o outro.
Que
merda de gente somos nós! Quão ridículos em nossas presunções!
A
minha magnificência só se completa diante da incompetência alheia. É isto?
Eu
sou sempre o fodão, aquele que sabe, que conhece, que resolve. E todos os
outros são um bando de incapazes, de incompetentes, que não se criariam senão
através de nossa capacidade desmesurada.
Sorvi
logo o último gole do conhaque, despedi-me e fui embora para casa.
Tenho
mais o que não fazer, do que ficar ouvindo presunções soporíferas de quem sabe
fazer hidrelétricas!
Como
sempre arremata seus comentários semelhantes o meu amigo blogueiro Zatonio
Lahud: Saco!
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Imagem em konsulfree.com.br. |
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Publicado originalmente em Gritos&Bochichos.
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