Não me queira mal
Não se atormente
Eu sou assim mesmo sem
pressa sem resistência
Às longas caminhadas
Eu posso ser seu
companheiro
Pelas estradas cheias de
obstáculos
Mas sem muita vontade de
vencê-los
Não me entenda mal
Não me condene
Eu sou apenas um ser
humano não perene
Disposto a viver muito
Sem sobressaltos
Sem construir castelos
que degelem
Ou de areia fofa sobre o
asfalto
Por isso vou vivendo
assim
Desta maneira
Parecendo um bicho
adormecido
Acuado por ser obrigado
A enfrentar o que vê pelo
caminho
Apenas quero um ninho
confortável
Um colo tépido a
adormecer minha cabeça
Sem dores sem choros sem
pesares
Eu não nasci para
desbravador de mares
Nem tenho lança de herói
Nem arma de cowboy dos
filmes
Apenas um coração tão
distraído e tímido
![]() |
Théodore Géricault, A balsa Medusa, 1819 (em pt.wikipedia.org). |
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