4 de junho de 2014

VELHO RITMO


pela trilha afora a trôpega tropa
em lenta cavalgada
desenha no ar nuvens de poeira
no serpenteio monótono
do transporte do café em coco.
do alpendre da casa
avistam-se os morros desordenados
que correm junto ao valão
e sustentam a estrada
que vai do nada ao quase nada.
e a tropa na trilha se aproxima da casa
da fazenda e o grito do homem
orienta a chegada:
“vem, canário! arre, godero!”
– burros com nomes de pássaros –
“volta, soberbo!, tchu, tchu, melindroso!”
 – parecem eles homens presunçosos.

e o pobre tropeiro de pele lustrosa
escancara a porteira para a entrada da tropa
e descansa seu corpo sob a sombra da tulha
e termina alquebrado a viagem penosa.


Jean-Baptiste Debret desenhou também os tropeiros conduzindo longas filas de muares, ou tocando boiadas / Aquarela sobre papel 'Carvão' - Rio de Janeiro, 1822
Desenho de Jean-Baptiste Debret, 1822 (em revistadehistoria.com.br).

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