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Amantes 45, por Nicoleta Tomas Caravia (afilosofiadolobo.blogspot.com). |
1. O jovem casal presta concurso público para a
secretaria do Tribunal de Justiça. É aprovado. Toma posse e cada um dos
cônjuges vai trabalhar em locais distintos, andares diversos, no mesmo prédio.
Ambos ainda não completaram trinta anos, são inteligentes, dedicados, bonitos,
interessantes. Uma tarde, certo juiz de direito, assessor da presidência,
precisa descer de um andar a outro imediatamente abaixo e resolve ir por umas
escadas de serviço pouco movimentadas. Encontra os dois jovens – marido e
mulher – em pleno ato sexual, na penumbra daquelas escadas quase nunca
frequentadas. Por ainda estarem em estágio probatório, foi relativamente
simples sua demissão sumária, após comunicação do fato aos canais competentes
pelo zeloso magistrado.
Eles conseguiram realizar o grande fetiche de suas
vidas: formarem-se em direito, serem aprovados em difícil concurso público para
a Justiça e copularem como cão e cadela nos desvãos de uma escada pouco
frequentada do Poder Judiciário.
2. Na sexta-feira de manhã, como sempre, faz-se a
limpeza do salão nobre do prédio da Justiça, onde se reúne o Tribunal
Pleno às quintas-feiras. Naquele dia, de perigosos prenúncios, a jovem
faxineira, de olhos claros, touca protegendo os cabelos, iria repetir um gesto
que vinha fazendo com frequência em outros ambientes: a felação do seu chefe
imediato. Senhor de seus sessenta e poucos anos, o chefe tinha como meta na
vida ser sugado atrás da cadeira do presidente da casa. Ele nunca pudera
estudar, porém não iria deixar passar a oportunidade para exercer qualquer tipo
de poder. E ali, o lugar ideal. Era cerca de nove horas da manhã, quando seu
coração parou no justo instante em que a jovem faxineira aplicava sua
especialidade bucal. Ele ficou lá, duro atrás da cadeira, a moça desesperada
com a cena, todos correndo para socorrer. Era tarde, muito tarde! Por isso, a
faxina desandou naquela sexta-feira de perigosos prenúncios.
3. Nilo transitava pelos corredores do fórum há
quase trinta anos, extrapolando competências no cartório da Vara de Falências.
Agora levava processos para o juiz titular despachar. Quando entra no gabinete
do magistrado, encontra a jovem e elegante advogada ajoelhada sob a mesa de
despacho, aplicando em sua excelência felação jurídica inicial. Pego de
surpresa, o magistrado reage com certa indignação, alegando que não se entra em
sua sala sem se anunciar. Com a autoridade que lhe davam tantos anos de
trabalho, o serventuário devolve a reprimenda com a informação ao juiz de que
seu gabinete não era o melhor lugar para isto. E saiu como entrou, levando a
pilha de processos sob o braço. Naquele dia, a vara do juiz foi que faliu!
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