nas
primeiras dores da manhã
o
parto
e
o sol nascente natimorto
o
amor quedando roto
pelas
barrancas do rio
o
filho deposto sobre a grama
esteira
de formigas
nas
últimas cores da tarde
a
morte
e
o sol posto cadente
o
corpo roxo de frio
sem
sopro que impulsione
na
correnteza do rio
pai
e mãe insones
e
longe
sobre
os umbrais do vir a ser
nada
nem
corpo nem alma
o
amor restando inútil
e
a vida essa colcha de retalhos inconsútil
mal
cosida
esses
remendos sem desvelos
esse
horrível pesadelo
Cândido Portinari, Criança morta, 1944 (em candidoportinari.net). |
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