23 de novembro de 2019

SINTO QUE SOU BRASILEIRO


Puxa vida! Sinto que sou mesmo brasileiro, apesar de todos os percalços, de todas as frustrações, de todos os sonhos não realizados.
Agora, por exemplo, bebo pisco com tira-gosto de guacamole, ouço Neil Young na caixa de som importada, através do programa Spotify, mas me sinto bem brasileiro, extremamente. Talvez até induzido a pensar em sair do país, em abandonar a terra, à procura de paragens mais amenas, mais seguras, mais limpas, mais cultas, mais pacíficas.
Sou brasileiro moldado pela terra, marchetado pelo barro preto da curva da estrada do Jacó, mas lavado pelas chuvas torrenciais de verão. Chateado com tantas coisas que julgo erradas, com a desesperança de que meus netos vivam num país mais decente. Mas sou visceralmente brasileiro. Atarracadamente preso à terra, desde a vila-mãe perdida do interior, até a cidade grande cheia de asfalto e incertezas.
A cultura me molda. A língua portuguesa me encanta. A culinária me seduz. As relações sociais tecem a teia em que me enrosco inapelavelmente.
Sinto que sou definitivamente brasileiro. Originário de um torrão singelo, perdido no mapa do Brasil, e com a pretensão de que o mundo vem até mim, sem que eu precise fazer muito esforço. Chega pelos livros, pelos modernos meios de comunicação, pelo cinema, pela música, decidido a me arrebatar. Mas continuo firme, os pés fincados no chão, os olhos à procura do Cruzeiro do Sul que não se vê na cidade, mas com a convicção inabalável de que sou brasileiro. E aqui farei meu repouso eterno.
Sinto que sou brasileiro, como um determinismo fatal de tudo que eu vivo.
E disso não consigo abrir mão!
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