28 de julho de 2019

O TEMPO


Você espera que o tempo passe diante de si
Sem se importar se irá com ele ou não
Ignora o tempo
E vive cada dia da vida como uma repetição
Os mesmos dias as mesmas coisas de sempre

O tempo se vai
E você fica sentado à varanda
Olhando o escorrer da vida
Como se observasse a água mansa daquele córrego tranquilo
A rumorejar cantiga dolente
Sob a paineira solene
No fundo do quintal

O turbilhão que não pressente
Dará seu jeito
Imprimirá seu ritmo
E quando você notar
Infelizmente
Já estará com a quilha do barco apontada para o poente

Assim
Não mais que de repente
Como diria aquele poeta distante do tempo presente

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Gustave Doré, ilustração para a Divina Comédia (A barca de Caronte).

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