Jane
e eu temos vários amigos gays, de ambos os sexos, se é que me entendem. Pois há
algum tempo estávamos na casa de um desses amigos(as), em Miracema, para uma visita e lá
estava também um outro amigo comum. Eu e ele – vou-me permitir omitir o nome de
todos – ficamos conversando na copa, tomando cerveja, enquanto as que nasceram
femininas estavam no quarto vendo o derradeiro capítulo da novela das nove.
Então
ele, que de discreto nunca teve nada, pois sempre foi um gay do tipo
assumidíssimo, me disse que já havia uns quinze anos que não fazia mais nenhuma
das loucuras que se permitira quando mais jovem, dentre elas, inclusive, o
consumo de drogas. Com sua voz de contralto, bem de acordo com seu porte físico
franzino, cujas pernas se enroscavam uma na outra, me explicou que agora estava
todo devotado à religião, permitindo-se apenas beber cerveja moderadamente. Hoje
já nem mais álcool consome.
Mostrou-me,
então, como se dirigia ao Cristo crucificado na igreja matriz da cidade:
-
Jesus, eu te amo muito, e não tenho culpa de o Senhor ter me feito assim uma borboletinha.
Soltei
uma sonora gargalhada com a sua sinceridade ao dizer isso, rodando os olhos
para o teto, como se tivesse falando naquele instante com o Crucificado.
Minha
gargalhada chamou a atenção da Jane, que saiu do quarto e veio saber que tipo de
conversa estávamos entabulando. Ele, do alto de sua segurança, respondeu a ela:
- Não
se meta, Jane! Isso aqui é conversa de homem!
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