1 de outubro de 2012

A MÚSICA DO PINK FLOYD E EU

(Pelo Dia da Música)

Você pode passar a vida inteira não querendo fazer as coisas pela metade, ou mal feitas. Mas você pode, então, passar a vida toda sem fazer nada, porque o que nos restará – e digo isto em relação à grande maioria, eu incluído – é não fazer muita coisa bem. Então se contente em fazer assim mesmo. É imperioso que faça, apesar disto ou malgrado isto. Enfim é o que se exige de você. É o que você mesmo se exige. E aí vai fazendo as coisas do jeito que pode, que sabe, que dá, ainda que possa não ficar contente com o resultado final.
É, mais ou menos, como me comporto.

Queria fazer com perfeição todas as coisas em que me meti, embora saiba que nunca tenha sido assim. E olhem que já fiz coisas diferentes à beça, desde minha juventude. Agora, no ócio da aposentadoria, ainda continuo fazendo, apesar de, algumas vezes, brincar que nada faço. Por exemplo, dou-me ao trabalho de criar textos para meus dois blogs, com o objetivo de mostrar algumas das centenas de textos que produzi e produzo ao longo do tempo.
Também eles queria que fossem perfeitos, os melhores. Há um monte de outros autores aí que gostaria de ter escrito. Mas sei das minhas limitações, tenho meu senso crítico. Assim mesmo os posto aqui e lá. Meus amáveis leitores hão de me entender com a benevolência de sempre. Talvez até, no fundo, pensem: Pelo menos, ele se esforça, coitado!

Durante mais de duas décadas, por exemplo, fui professor. E tive a pretensão de ser o melhor professor do mundo. Não por orgulho ou vaidade. Mas para ser apenas um bom professor. E nunca fiquei satisfeito com o que fazia. Talvez fosse possível fazer mais.
Gosto também de fotografia. Tenho também meu espaço no Flickr, pretensiosamente. Algumas delas podem até ser razoáveis. Porém o mundo está repleto de fotógrafos maravilhosos.

Mas, como dizia, se for apenas fazer a perfeição, não se faz nada.
No entanto, contudo, embora, mas, porém, etc. e tal, meter-me em música – que foi um dos meus grandes sonhos irrealizados – não ousei. E explico.

Jovem, eu e meu irmão compramos um violão à meia. Ele aprendeu a tocar. Eu não. Ao final da minha vida laborativa, meus amigos de trabalho me deram um novo violão de presente, para que, afinal, eu pusesse em prática o velho sonho.
Preferi não me arriscar, não tentar. Pois o meu desejo seria tocar como o David Gilmour. E aí tenho absoluta certeza de que jamais, em tempo algum, nunca, iria conseguir.

Como disse certa vez minha irmã Cristina, talvez só “em três encadernações” eu conseguiria tal façanha. E meu amigo músico Rogério Fernandes, ao ouvir minha pretensão, teve uma sequência de gargalhadas que pensei fosse levá-lo a ataque de apoplexia.
Pois acabei agora de ver o documentário sobre a gravação de Wish you where here e o ouvir o cd (bolacha original de 1975) e me dou por satisfeito em ser um bom ouvinte da música do Pink Floyd e um fã incondicional da guitarra de Gilmour.

Neste momento, substitui o Wish pelo Atom heart mother (1970), e sinto que nasci para ouvir Pink Floyd, sem cuja música, certamente, meu mundo seria muito mais sem graça, apesar de tudo de bom que me aconteceu até hoje.
Todos sabem que cada doido tem lá sua mania e seu gosto. Mas, dentre todas as músicas que já ouvi, de clássicas a populares, passando por música medieval e renascentista, moda de viola, samba, choro, forró e frevo, tangos e boleros, rock, blues, twist, chá-chá-chá, a que me dá mais prazer é a música do Pink Floyd. Isto desde que a ouvi pela primeira vez com o elepê das vaquinhas holandesas, adquirido na antiga loja Sabiá, da Avenida Amaral Peixoto, em Niterói, lá por 1971.

Eu tinha descoberto meu eldorado sonoro!
Capa do disco Atom heart mother, o primeiro do Pink Floy lançado no Brasil (imagem em pt.wikipedia.org).

Um comentário:

  1. Pink Floyd não toco, mas venha a Portugal que eu lhe ensinarei a tocar guitarra portuguesa ou mesmo violão! Não sou dos melhores mas dá para quebrar um galho!...




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