16 de março de 2022

CÉU DE ESTRELAS

A boca da noite 
Do Rio de Janeiro 
Não tem dentes 
Não tem língua 
Tem assalto e morte 
E a vida não é um palco iluminado 
Veste-se de desenredo 

As estrelas pipocam no céu 
Da meia-noite 
Em rajadas 
Traçantes 
Certeiras 
Até encontrarem um peito 
Desavisado 
Um coração sorrateiro 

A boca da noite 
Do Rio de Janeiro 
Tem o hálito pútrido 
Do medo 
Da violência 
Da bomba 
Do tiroteio 

“E hoje 
Quando do sol a claridade” 
Abrasa os olhos 
Tenho saudades 
Da pomba-rola que voou 
No imemorial céu 
Estrelado 
Do Rio de Janeiro. 

Pomba-rola (em mercadolivro.com.br).


 (Versos incidentais e citações de Chão de estrelas, de Orestes Barbosa e Sílvio Caldas.)

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