O
governo autorizou, através do DETRAN, a multa a pedestres que atravessarem fora
da faixa, já a partir deste ano.
Não
quero nem saber como é nos países ditos civilizados. Não me interessa! Estive na
Suécia há menos de quatro anos e não vi nada disso lá. Vivo aqui nessa mixórdia
chamada Brasil e sou visceralmente contra tal tipo de multa.
Que
diabos afinal quer o governo, a não ser arrecadar mais dinheiro do já combalido
contribuinte?
O
pedestre, dizia Darcy Ribeiro, é o dono da rua, que a cedeu para o trânsito de
veículos. A preferência é sempre do cidadão.
É
bem verdade que o pedestre deve ter a consciência de atravessar em segurança. E
ele sabe discernir o que lhe é favorável, a não ser que seja um suicida. E onde
haverá faixas suficientes e próximas ao ponto de interesse para o cruzamento de
uma rua?
Se
eu sou capaz de escolher o presidente da república, por que não posso escolher
onde atravessar a via pública? Não quero que os veículos parem, assim que ponho
meu pé na sarjeta, embora exija que eles assim o façam quando eu pisar na faixa.
E isto nem sempre acontece. Tenho, às vezes, que forçar a barra para que o
motorista freie seu carro um pouco antes da faixa. No meio da rua, contudo, não
sou maluco de desafiá-lo. Sei das minhas fraquezas e limitações. Contudo sempre
sou responsável por minha integridade física. Tenho meu juízo, assim como todos
os demais pedestres. Pelo menos, é isso que imagino.
Agora
vem o governo com esta medida odiosa, que visa tão-somente a arrecadação de
multas. Então passamos a ser mais uma fonte de renda para um governo voraz, que
não se cansa de inventar meios de, cada vez mais, fazer com que trabalhemos em
benefício da máquina administrativa, que não oferece o devido retorno em
serviços que dela se espera.
Somos
acossados por bicicletas transitando sobre as calçadas e até mesmo por veículos
nelas estacionados, em total desrespeito ao transeunte.
Não
bastou que, há poucos anos, o motorista tenha sido transformado em criminoso, assim
que ingira um copo de cerveja e mantenha a direção do veículo. Certo motorista
de táxi, inclusive, comentou comigo, durante uma viagem, tal situação, dizendo
que o rigor é maior nesses casos, do que no atropelamento de uma pessoa em via
pública. Atropelou, mas não bebeu, não é crime. Bebeu um copo de cerveja, não
atropelou ninguém, mas foi pego no bafômetro, é criminoso. Alguma coisa está
fora da ordem.
Aliás
não é só nisso que nosso país prima pelo inusitado.
Maldito
pedestre!

Rua Miguel de Frias (foto do autor).
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