5 de abril de 2018

MALDITO PEDESTRE


O governo autorizou, através do DETRAN, a multa a pedestres que atravessarem fora da faixa, já a partir deste ano.
Não quero nem saber como é nos países ditos civilizados. Não me interessa! Estive na Suécia há menos de quatro anos e não vi nada disso lá. Vivo aqui nessa mixórdia chamada Brasil e sou visceralmente contra tal tipo de multa.
Que diabos afinal quer o governo, a não ser arrecadar mais dinheiro do já combalido contribuinte?
O pedestre, dizia Darcy Ribeiro, é o dono da rua, que a cedeu para o trânsito de veículos. A preferência é sempre do cidadão.
É bem verdade que o pedestre deve ter a consciência de atravessar em segurança. E ele sabe discernir o que lhe é favorável, a não ser que seja um suicida. E onde haverá faixas suficientes e próximas ao ponto de interesse para o cruzamento de uma rua?
Se eu sou capaz de escolher o presidente da república, por que não posso escolher onde atravessar a via pública? Não quero que os veículos parem, assim que ponho meu pé na sarjeta, embora exija que eles assim o façam quando eu pisar na faixa. E isto nem sempre acontece. Tenho, às vezes, que forçar a barra para que o motorista freie seu carro um pouco antes da faixa. No meio da rua, contudo, não sou maluco de desafiá-lo. Sei das minhas fraquezas e limitações. Contudo sempre sou responsável por minha integridade física. Tenho meu juízo, assim como todos os demais pedestres. Pelo menos, é isso que imagino.
Agora vem o governo com esta medida odiosa, que visa tão-somente a arrecadação de multas. Então passamos a ser mais uma fonte de renda para um governo voraz, que não se cansa de inventar meios de, cada vez mais, fazer com que trabalhemos em benefício da máquina administrativa, que não oferece o devido retorno em serviços que dela se espera.
Somos acossados por bicicletas transitando sobre as calçadas e até mesmo por veículos nelas estacionados, em total desrespeito ao transeunte.
Não bastou que, há poucos anos, o motorista tenha sido transformado em criminoso, assim que ingira um copo de cerveja e mantenha a direção do veículo. Certo motorista de táxi, inclusive, comentou comigo, durante uma viagem, tal situação, dizendo que o rigor é maior nesses casos, do que no atropelamento de uma pessoa em via pública. Atropelou, mas não bebeu, não é crime. Bebeu um copo de cerveja, não atropelou ninguém, mas foi pego no bafômetro, é criminoso. Alguma coisa está fora da ordem.
Aliás não é só nisso que nosso país prima pelo inusitado.
Maldito pedestre!

Rua Miguel de Frias (foto do autor).

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