Snoopy e Woodstock, criações imortais de Charles Schulz.
Amigos são espécie de cracas que se encastoam
em nossas emoções e ficam latejando no pulsar arrítmico de nossos corações.
Ficam lá agarrados à flácida parede cardíaca que teimamos em manter de pé, no mesmo compasso de nossas dores e alegrias, e quase não os percebemos, de tão naturais. Criam uma crosta resistente às marés mais violentas e à corrosão.
Uns incomodam mais: estão sempre cobrando presença, chamando para um vinho, ou um café, ligando nas datas comemorativas e apertando nossas costelas com força, se passam um mês sem nos ver.
Outros são mais discretos: ligam-nos após as viagens que fizeram por esse mundão afora, a fim de contar as novidades, passam e-mails de forte conteúdo erótico com frequência, como se acreditassem ainda na disposição de sexagenários acomodados, que não seja a mera observação de coisas que tais.
Outros, não menos essenciais à vida, são os chamados amigos bissextos. Não que ocorram apenas a cada quatro anos. Porém são os que, por se acharem menos importantes, dão-se o direito de aparecer espaçadamente, mas que proporcionam tanta alegria, ao chegar. E costumam sumir, novamente, como cometas, que iluminam as noites perdidas em que nos embrenhamos.
Mas já ouvi dizer, no entanto, que amigos se parecem mais com o colesterol que se emplastra em nossas veias. Porém o bom colesterol, aquele que, em não existindo, pode causar mais problemas que o mau, já que todos nós somos mais ou menos assim como nossas veias e artérias: com o bom e o mau colesterol.
Enfim, sendo cracas ou colesterol, amigos são praticamente irremovíveis e costumam resistir até o fim de nossas vidas.
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E também há aqueles que se ligam a nós pelas novas tecnologias e até sentem falta das palavras como se fossem abraços.
ResponderExcluirOi, amigo Saint-Clair!
E não é, Daisy?
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