A casa da minha avó
Tem as paredes caiadas,
Tem soleira, tem batente,
Janelas e portas pintadas
Com um azul de antigamente.
As telhas da casa dela
Têm a forma de canela
E, quando a chuva despenca,
Se transformam facilmente
Em muitas bicas de água.
Por dentro o forro é de
palha,
Como o dos carros de boi,
E há florinhas mimosas,
Canteiros de tímidas rosas,
Assim como sempre foi.
A casa da minha avó
Recende a broa de milho,
Leite queimado e canela,
A biscoito de polvilho
E a bolinho de chuva,
A laranja descascada
E a refresco de uva.
E olhando da janela
Vêm-se bichos no terreiro:
Galinhas, patos, marrecos
E dois galos seresteiros.
Também há um bode velho,
Atormentado as cabritas.
A casa da minha avó
Sempre foi casa bonita.
A casa da minha avó
Parecia uma quermesse,
Quando juntava a família;
Netos, bisnetos e filhas,
Filhos, noras e genros,
Parente de todo lado,
A comer macarronada,
Tutu e frango ensopado,
Arroz de forno e salada,
Farofa e lombinho assado,
Tudo feito com cuidado
No velho fogão a lenha.
Depois de tudo comido,
Água da talha de barro
Para matar nossa sede,
Um cafezinho coado,
Papa de milho verde,
Licores de jenipapo,
Laranja e jabuticaba,
Doce de leite talhado,
Que ela chamava ambrosia,
E grandes nacos de queijo
Que eram uma maravilha!
A casa da minha avó
Era uma casa animada.
A casa da minha avó
Parecia um grande beijo
No fundo do coração,
Que não nos deixa esquecer
Dos dias que se ecoaram
Com as águas do ribeirão.
A casa da minha avó
Hoje chama solidão.
Meu caro Saint-Claire! Fui lendo e me conduzindo para a fazenda da minha avó concomitantemente! GRATIDÃO MEU AMIGO! A você e à Vida que nos presenteou tudo isso!Éramos felizes e... SABÍAMOS, NÃO É MESMO? Um abraço fraterno e mais uma vez, obrigado!
ResponderExcluirObrigado pela leitura e o comentário. Pena que saiu como anônimo aqui.
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