Toda quarta
Às quatro da tardeHá um enfarte
No quarto quatrocentos e quatro
De um hotel barato
Na Rua do Senado
No centro da cidade
Toda quarta
InfalivelmenteHá um infarto
No quarto
Quando a mulata
De quartos fartos
Cavalga em fúria
O que sobra daquele velho alquebrado
E ele
AparvalhadoOlhar incerto desnorteado
Ofegantemente obliterado
No momento exato
Vê paquidermes andando
Pelas paredes do quarto
Segundos antes
De ter novo infarto
Assim em todas as quartas
Às quatro da tardeNo quarto quatrocentos e quatro
De um hotel barato
No centro da cidade
Repete-se o enfarte
Que menos que doença
É arte
Até que a morte
De fato o arraste
Para fora do quarto
A poder de um infarto
Van Gogh, O quarto em Arles, 1889, terceira versão (em pt.wikipedia.org). |
Nenhum comentário:
Postar um comentário