Vai que eu te perdoe hoje e tu não me perdoes
E que eu te cante antigas loas e tu me tomes por toloEu te receba uma vez mais
A porta aberta
E numa boa tu tenhas por certo
Aquele oásis ensombrado no deserto
Em que possas repousar quando quiseres
Vai que eu me encante por teus encantos
E tu me desencantes Como se fosse assim a coisa mais à toa
A coisa mais simplória a haver no mundo
Um ogro encantado por uma fada
Vai que um dia e nada do que querias
Ter construído pela vidaTenha ocorrido
E como a cigarra do conto com a formiga
Batas à minha porta
Aquela sempre aberta
A procurar o abrigo à sombra no deserto
Ou o agasalho ao frio excessivo
Vai que...
Vai que nada!Pode entrar - a fechadura ausente o cadeado aberto –
Entra que a minha alma desalmada
Estará sempre armada para o afeto.
Pyotr Konchalovsky, Natureza morta com begônias, 1916 (em wikipaintings.org). |
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