Houve quem duvidasse, mas a ordem era para ser
cumprida. O lateral-direito avançaria, o ponta-direita (falso, diga-se de
passagem) faria a ultrapassagem para receber a bola nas costas do adversário,
pegaria a bola, correria com ela dominada até a linha-de-fundo, cruzaria sobre
a área e esperaria o resultado do lance, fechando em direção à grande área.
Enquanto isso, o centroavante mais o homem de meio-campo fechariam pelo
miolo da área, enquanto o ponta-esquerda e o lateral-esquerdo, em movimento de
porta pantográfica, entrariam pela esquerda. O meio-campo acompanharia nessa
avalanche o ataque sobre a área adversária.
Oquei, professor! Tudo certo, professor! Deixa com
a gente!
Uma outra ordem: a mesma, só que pela esquerda. Aí
os papéis se invertem. Quando o inimigo atacar, o combate será dado da linha
intermediária para trás. Nas laterais, ou passa a bola ou o adversário. Os dois
juntos, nunca! De preferência, nenhum dos dois!
Oquei, professor! Tudo certo, professor! Deixa com
a gente!
O time entrou em campo, jogou conforme o combinado,
levou uma surra danada. A torcida pediu a cabeça do técnico, os comentários
criticaram o esquema tático, nas rodas de conversa só se falava nos melhores
lances do inimigo e nos piores do time.
Mas o que doeu mesmo foi o frangaço que o goleiro
papou, mal iniciada a contenda. Logo o goleiro, para quem não houve nenhum
esquema especial, nenhuma recomendação tática. E precisava, desgraçado? Era só
não deixar a excomungada entrar, seu miserável! Frangueiro de uma figa! Por
isso é que não nasce grama onde você pisa, seu infeliz!
Helena dos Santos Coelho, Futebol na faverla, Talentos da Terceira idade, 2009. |
É Saint-Clair, Acho que por um tempo o meu time, o Palmeiras, seguiu essa tática e obteve esse mesmo resultado. Pensando bem, o Botafogo-RJ também foi pelo mesmo caminho. Mas isso é coisa do passado. Agora, os tempos são outros! Viva o Verdão! Hehehe
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