Embora o Botafogo seja único e insubstituível como
clube, o Botafogo como time são outros quinhentos. Se já tivemos motivos de
sobra para nos orgulhar, também os tivemos para nos envergonhar e tentar
esquecer.
Mas há um Botafogo que é o meu preferido, o que está
indelevelmente marcado em minha memória em preto e branco. Era o time
maravilhoso de 1960, com Garrincha, Nilton Santos, Didi, Quarentinha, Paulo
Valentim, Amarildo, Manga, Zagalo, Pampolini, e companhia.
Embora não tenhamos sido campeões naquele ano, era o
time que via jogar pela tevê na casa do Doutor José.
Nesse ano, estudava em Campos dos Goytacazes (Não
concordo com tal grafia.), no Colégio Bittencourt, em regime de internato. O
Doutor José era um dos filhos do fundador da escola e também um de seus
vice-diretores. Os outros eram o Professor Clóvis e o Doutor Mariozinho, este o
vice-diretor administrativo, já que o velho professor Mário Bittencourt se
retirara para sua propriedade rural nas imediações da cidade.
O Doutor José, embora fosse um homem extremamente
exigente conosco em questão de disciplina, tinha um gesto de cortesia conosco e
nos permitia ver os jogos do campeonato do Rio de Janeiro, que começaram a ser
transmitidos via televisão.
Deste modo, nos dias de jogos, íamos para a sala de sua
casa, que ficava nos fundos do terreno do colégio, sentávamo-nos no chão e
podíamos torcer à vontade, dentro das estritas regras de educação que,
sabíamos, eram cobradas, apesar de o doutor ser torcedor do Fluminense.
Foi a primeira vez que vi transmissão de tevê e que vi
o Botafogo jogar. Eu tinha lá meus treze anos e me encantava com aquele time
repleto de craques que enchiam a pequena tela do aparelho de belas jogadas. Eu
já era torcedor, desde meu avô Chico Albino, pai de meu pai, Argemiro, ambos
botafoguenses.
O time do Botafogo era praticamente uma seleção, dada a
profusão de craques e grandes jogadores que compunham seu elenco. E vendo-os na
tevê preto-e-branco da época era como se não houvesse mais cores na vida: o
mundo era preto e branco. A imagem desta época que mais me ficou foi a de uma
partida contra o Flamengo, em que ganhamos de 4x1, com Didi fazendo uma partida
magistral.
Por isso, fui ao Google para recuperar a escalação
completa daquele jogo: Manga,
Cacá, Zé Maria e Chicão; Pampolini e Nilton Santos (Jorge); Garrincha, Didi,
Genivaldo, Quarentinha e Amarildo. Nosso técnico era o Paulo Amaral. Nossos
gols foram feitos por Quarentinha (8min) e Garrincha (21min); Quarentinha (62min)
e Didi (90min). O do Flamengo vi quem foi, mas não vou dizer aqui. Como bem faz
o amigo Zatonio Lahud em seu blog, quando fala de futebol: aqui o time
adversário não faz gol no Botafogo.
E, até hoje,
passados mais de cinquenta anos, as imagens daquele jogo me vêm à memória de um
jeito gostoso e gratificante.
Aquele era o
meu Botafogo preferido.
Botafogo dos anos 60 (em portoroberto.blog.uol.com.br). |
Boa memória! Nem consegue esquecer, por muito esforço que faça, o golo do Flamengo!!!...
ResponderExcluirNem sei mesmo se esse golo foi validado!!! Vai ver, nem houve golo nenhum!!!...