Sou um homem um tanto lógico
Cartesiano
Não tenho problemas
psicológicos
Sou mediano
Medíocre no sentido básico
do termo
De modo que ando a termo
entre a lucidez e o sonho
Sem o sofrimento de muita
gente bem
Vivo zen
Sem amealhar dinheiro
Mas com proventos que
aproveito
Até o fim de cada mês do ano
E quando chega o fim de cada
ano
Renovo todos os propósitos
de não ter planos
De ir assim como um pequeno
barco no oceano
Ao sabor das ondas
Que golpeiam o casco
Até chegar o dia incerto e
não sabido
Mas bem previsto
De aportar em qualquer cais
inominado
Pelo único fato de se estar
vivo
E aí deixar de ser quem sou
Sem mais motivos
Enfim, um homem feliz...
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