Eu confio na pinga da esquina,
E no ovo colorido do botequim,
No churrasquinho de gato da calçada,
Na firmeza da coroa do meu dente postiço.
Eu confio naquilo e nisso,
Nas coisas mais improváveis de se crer,
Mas é difícil que se creia com firmeza
Nas autoridades que costumam, a cada dia,
Nos jornais, nas revistas, na tevê,
Discursarem como imaculadas virgens,
Garantindo que trabalham com afinco
Para a minha segurança e a de você.
Não confio na polícia que investiga
A polícia que investiga a polícia
Que é investigada e presa
Dentro da própria delegacia
Que fingia que investigava
Aquilo em que investia
O trabalho que pagamos
Para lucrar por baixo dos panos
Com propinas com achaques e extorsões.
Não confio e tenho cá minhas razões
Pelo pouco que as notícias evidenciam.
Eu confio mais na permanência do fio do pavio
Que se queima no rastilho do balão.
Em quem mais devo confiar:
Na polícia ou no ladrão?
Na polícia ou no ladrão?
Ou os dois de que lado estão?
Eu confio mais na pinga da esquina
Ou no pastel frito em óleo saturado
Com recheio duvidoso, mareado,
Que em nossas lamentáveis autoridades
E seu discurso recheado de falácias e ausências.
Tenham a santa paciência,
Pois a nossa se esgotou!
Colhida em livroerrante.blogspot.com |
Genial. Só!
ResponderExcluirTaí, já não desconfio mais: tenho certeza!
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