(Em memória de Crival Braz de Assis, e para seus filhos Roberto, Ana Maria, Adriano, Anselmo e Leandro.)
Há gente que só faz besteira na vida! Há gente que tenta acertar. Mas, se tirar pelo que já fez, ele se pode dar por satisfeito. É só observar os descendentes. Mas é possível ainda mais, examinando tudo detalhadamente. Olha só as muitas roças que botou. Espia só os muitos peixes que pescou por açudes, poços, valões e rios. Presta bem atenção na casa feliz que erigiu do nada, dureza e felicidade escapando por portas e janelas. Põe bastante sentido nos amigos que plantou como chuchu. Atina bem para os casais que juntou em nome da lei, ele juiz de paz da roça. E vai ver que um homem assim conseguiu extrapolar seus limites e invadir o de seus conterrâneos da vilazinha perdida no norte do Estado.
Agora está ele arrancado à força da sua vidinha maneira, tranquila, pra mode tratar dos rins, com um sanativo de nome esquisito, num aparelho danado de complicado, que fica filtrando seu sangue, até que os dias se consumam e a luz dos seus olhos se apague como chama de toco de vela soprada pela viração que vem do pasto.
A vila ficou pra lá. Impossível sobreviver nela, sem a parafernália médica.
A vida, talvez, tenha ficado também por lá. Impossível viver nesta barafunda toda do Rio de Janeiro.
Os dias, assim, se sucedem na intransigência de uma doença que, se não soube levá-lo de roldão feito as enxurradas descidas das serras, quer, por todos os meios, dizer para ele que a vida anda cheia de tristezas.
Mentira, tudo mentira! É só espiar a mulher amorosa, os filhos, os netos, os amigos de pescaria, os parceiros de sinuca, o campo amarelando, a colheita enchendo os balaios e as tulhas, a...
(Escrito um pouco antes do falecimento do Crevalzinho, em 1987.)
Este espaço está se transformando num bom local para boas lembranças. Sua crônica é mais que um mero registro; é uma poesia! Falar de meu pai foi como entrar no túnel do tempo e viajar pelos valões, rios, roças e gargalhadas maravilhosas que só a alegria de viver nos ensina como é que se faz. Que baita saudade, meu amigo!
ResponderExcluirDeixo um grande abraço a você e um sincero agradecimento pelo prazer que me proporcionou com a leitura.
Obrigado, Adriano, e pode ter certeza de que aqui é tudo verdade!
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