O velho vê-se ao espelho.
As sobrancelhas sobre os olhos míopes
Lançam pelos aleatórios
Em direções atópicas.
Apara os pelos brancos das narinas,
Rapa a barba rala
Como a caatinga
Que suja sua cara
Com tufos bem antigos,
Ajeita os parcos cabelos
Que ainda sobrevivem distraídos
Do mais restante do corpo,
Passa o desodorante novo
E vai para o calçadão da praia
Andar com passos trôpegos
Esbarrando nas pessoas
Que caminham alheias,
Inalando a maresia que sobe do mar
E olhando os corpos jovens
Das mulheres que se bronzeiam
Sobre a areia.
Volta para casa
Sorve um copo d’água
Toma um café amargo
E sente recarregada sua bateria
Para um dia novo.